Noticiário do movimento apartidário em defesa da cidadania em Juiz de Fora, criado em 29 de março de 2005, registrado como
Organização Não Governamental sob o nº 5073, no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, livro A-7 , fls. 023/023A.
Nº de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica: 07.333.971/0001-00
Editor: Ivanir Yazbeck
GLOBELEZA ou GLOBAIXARIA
Uma propaganda eficiente, embora subliminar, que vende o Brasil como um paraíso do turismo sexual, foi criada pela Rede Globo e se repete há anos no período do carnaval.
A campanha foi batizada com o nome de Globeleza e seu autor chama-se Hans Donner, austríaco, designer responsável pelo padrão visual da emissora, desde 1975, quando criou o famoso logotipo do globo terrestre reduzido à dimensão de uma tela de TV. Foi o seu primeiro trabalho para a Globo e não parou mais.
Trecho extraído de sua biografia:
“A criatividade inovadora de Hans gerava as mais incríveis animações, estabelecendo os padrões de todas as produções modernas da televisão. O toque mágico de suas ideias tornou-o popularíssimo, um fenômeno de audiência – nacional e internacional. Revistas gráficas do mundo inteiro editavam seus projetos e incentivavam os designers da televisão européia e norte-americana a seguirem o exemplo da Globo. Ele logo se transformou em “Hans Donner, o homem que todas as emissoras de TV desejam contratar".
Mais à frente, já celebrizado, em 1989, ele se deslumbrou com uma sambista, mulata escultural, Valéria Valenssa, de 18 anos, ao vê-la desfilar no concurso para eleger a “Garota de Ipanema”. Os dois se tornaram namorados e oficializaram o casamento em 2003.
Às voltas com a criação da vinheta para o carnaval de 1992, o inspirado Hans Donner despiu a namorada, pintou seu corpo com tintas brilhantes para camuflar delicadamente a nudez total, gravou um filme-piloto dela em passos de samba, e apresentou o trabalho ao todo-poderoso José Bonifácio de Oliveira Sobrinho.
“Genial!” – reagiu Boni. E, naturalmente, todo o estado-maior da Globo, desde o rei-de-todos, o então nonagenário Roberto Marinho, endossou a aprovação, sem atinar para os efeitos colaterais futuros da obra de arte.
Por esta época, as imagens da Globo eram limitadas ao território nacional e serviam apenas ao consumo interno – as transmissões internacionais, via satélite, ainda estavam engatinhando. Bem, nudez no carnaval já era, digamos assim, uma ocorrência natural, incentivada e estimulada na cobertura dos desfiles das escolas de samba pelas emissoras de TV – Manchete, Bandeirantes e Globo. Havia entre elas um torneio em surdina para destacar a mais ousada na cobertura do carnaval carioca, nos desfiles e nos clubes fechados. E era difícil escolher a melhor... ou pior – depende do ponto de vista.
Assim, ano após ano, a tal Globeleza foi adquirindo status de ícone da temporada carnavalesca, ganhou notoriedade nacional e tornou-se símbolo do carnaval brasileiro, não só carioca, pelo poder da emissora na imposição de seus valores estéticos e morais ao comportamento dos telespectadores em geral. A vinheta musical que marca os passos da Globeleza no anúncio institucional – “Na tela da tevê, no meio deste povo, a gente vai se ver na Globo...” – passou a ser cantada nos bailes e desfiles de blocos, com o mesmo apelo das marchinhas e sambas carnavalescos clássicos.
Ocorre que desde que as imagens da Globo passaram a ser vistas no mundo inteiro, via satélite, a partir do final dos anos 90, quando a emissora já assumira a exclusividade da cobertura dos desfiles na Sapucaí, a mulata peladona passou a freqüentar também a casa dos telespectadores do países europeus, sul-americanos, árabes, africanos, caribenhos, ou norte-americanos, israelenses, canadenses, indianos, chineses, japoneses, australianos, neozelandeses, e até esquimós. Atualmente, os sinais da Globo são captados em 187 paises. É mole?
Dá para se imaginar a reação deles, os gringos – do espanto ao estupor – diante da mensagem sutil que a tal Globeleza lhes transmitia, que pode ser assim interpretada: no decantado carnaval brasileiro, prevalece a baixaria, quando todas as jovens sambam alegremente nas ruas e nos salões, durante os dias de folia, a cobrir-lhes o corpo apenas umas pinceladas de tinta... Afinal, em nenhuma nação do mundo – nenhuma! – admite-se a ousadia de uma emissora de televisão, em canal aberto, exibir a qualquer hora da programação, da manhã à noite, uma mulher inteiramente despida, num rebolation sensual.
Dessa forma, desde quando a Rede Globo passou a expor a Globeleza do mestre Donner ao mundo inteiro, joga-se por terra, ano após ano, todo o esforço do governo Federal em acabar com a impressão generalizada de que o Brasil é um país permissivo em que o sexo é oferecido e praticado livremente, em vias públicas, especialmente nos três dias de folia e brincadeira. Resultado: aí estão os números da prostituição infantil ou adulta tipo exportação, da pedofilia e suas conseqüências degradantes, estúpidas, enchendo-nos de vergonha diante do cenário internacional.
Há cinco anos, Valéria Valenssa abdicou da honraria de protótipo da Globeleza, teve dois filhos com Donner, e... tornou-se evangélica, ungida por 384 pastores, em sessões de descarregos, e coisas e tais. Abdicou da honraria e foi susbtituída por outra mulata escultural, Aline Prado, com as mesmas medidas milimétricas da antecessora. Em uma ou outra, a cada ano, o mago Hans Donner prossegue economizando nas tintas, tornando cada vez mais visível a nudez desavergonhada da Globeleza, para ser exibida na telinha a qualquer hora, sem nenhum pudor – arrisco a palavrinha meio em desuso – e sem preocupação com a faixa etária dos telespectadores.
Quem sabe no ano que vem, a tal Globeleza se apresentre com um pouco menos de arte, de modo que a imaginação de seu criador seja mais focada na verdaderia essência do carnaval brasileiro, que é a alegria, através de outros recursos artísticos, com menos apelação de sensualidade – em outras palavras: menos insinuações explícitas de sacanagem.
Genialidade, todos concordam, é o que não falta ao austríaco. Basta que os três irmãos Marinho, detentores do poder do império global, se conscientizem que é necessário mais seriedade e cuidado ao divulgar no exterior um símbolo que transmita o folclore do carnaval brasileiro – e por extensão, de seus costumes, cultura e educação, sem prejuizos ao esforço de se fazer o nosso país um pouquinho mais respeitado no exterior.
Já a imagem interna, bem, esta já está mesmo prejudicada, irreversivelmente, há décadas, pelas novelas diárias e suas globobagens e globesteiras, que se repetem quatro vezes ao dia, no ano inteiro – e não apenas pelas ocorrências sazonais da tal Globeleza...
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
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Realmente é vexatório! Mas não só a Globeleza; as dezenas e dezenas de mulheres semi-nuas que aparecem nas diversas emissoras, principalmente aos domingos (dia que deveria ser reservado aos programas familiares). Não sou nenhuma beata, tão pouco, puritana, mas é desagradável ver nádegas e seios, quase que diariamente (novelas, filmes, programas...) na frente dos filhos e do marido (troco de canal toda hora). O pior é que estão diminuindo cada vez mais os biquínis das mulheres, tiras etc da Globeleza. Essa última propaganda da Globeleza é muito vulgar; não vimos nada de arte! E o horário de exibição é impróprio para menores. Lamentavelmente, neste país não parece haver fiscalização!...
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