terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

GLOBELEZA ou GLOBAIXARIA

Noticiário do movimento apartidário em defesa da cidadania em Juiz de Fora, criado em 29 de março de 2005, registrado como
Organização Não Governamental sob o nº 5073, no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, livro A-7 , fls. 023/023A.
Nº de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica: 07.333.971/0001-00

Editor: Ivanir Yazbeck



GLOBELEZA ou GLOBAIXARIA

Uma propaganda eficiente, embora subliminar, que vende o Brasil como um paraíso do turismo sexual, foi criada pela Rede Globo e se repete há anos no período do carnaval.

A campanha foi batizada com o nome de Globeleza e seu autor chama-se Hans Donner, austríaco, designer responsável pelo padrão visual da emissora, desde 1975, quando criou o famoso logotipo do globo terrestre reduzido à dimensão de uma tela de TV. Foi o seu primeiro trabalho para a Globo e não parou mais.

Trecho extraído de sua biografia:

“A criatividade inovadora de Hans gerava as mais incríveis animações, estabelecendo os padrões de todas as produções modernas da televisão. O toque mágico de suas ideias tornou-o popularíssimo, um fenômeno de audiência – nacional e internacional. Revistas gráficas do mundo inteiro editavam seus projetos e incentivavam os designers da televisão européia e norte-americana a seguirem o exemplo da Globo. Ele logo se transformou em “Hans Donner, o homem que todas as emissoras de TV desejam contratar".

Mais à frente, já celebrizado, em 1989, ele se deslumbrou com uma sambista, mulata escultural, Valéria Valenssa, de 18 anos, ao vê-la desfilar no concurso para eleger a “Garota de Ipanema”. Os dois se tornaram namorados e oficializaram o casamento em 2003.

Às voltas com a criação da vinheta para o carnaval de 1992, o inspirado Hans Donner despiu a namorada, pintou seu corpo com tintas brilhantes para camuflar delicadamente a nudez total, gravou um filme-piloto dela em passos de samba, e apresentou o trabalho ao todo-poderoso José Bonifácio de Oliveira Sobrinho.

“Genial!” – reagiu Boni. E, naturalmente, todo o estado-maior da Globo, desde o rei-de-todos, o então nonagenário Roberto Marinho, endossou a aprovação, sem atinar para os efeitos colaterais futuros da obra de arte.

Por esta época, as imagens da Globo eram limitadas ao território nacional e serviam apenas ao consumo interno – as transmissões internacionais, via satélite, ainda estavam engatinhando. Bem, nudez no carnaval já era, digamos assim, uma ocorrência natural, incentivada e estimulada na cobertura dos desfiles das escolas de samba pelas emissoras de TV – Manchete, Bandeirantes e Globo. Havia entre elas um torneio em surdina para destacar a mais ousada na cobertura do carnaval carioca, nos desfiles e nos clubes fechados. E era difícil escolher a melhor... ou pior – depende do ponto de vista.

Assim, ano após ano, a tal Globeleza foi adquirindo status de ícone da temporada carnavalesca, ganhou notoriedade nacional e tornou-se símbolo do carnaval brasileiro, não só carioca, pelo poder da emissora na imposição de seus valores estéticos e morais ao comportamento dos telespectadores em geral. A vinheta musical que marca os passos da Globeleza no anúncio institucional – “Na tela da tevê, no meio deste povo, a gente vai se ver na Globo...” – passou a ser cantada nos bailes e desfiles de blocos, com o mesmo apelo das marchinhas e sambas carnavalescos clássicos.

Ocorre que desde que as imagens da Globo passaram a ser vistas no mundo inteiro, via satélite, a partir do final dos anos 90, quando a emissora já assumira a exclusividade da cobertura dos desfiles na Sapucaí, a mulata peladona passou a freqüentar também a casa dos telespectadores do países europeus, sul-americanos, árabes, africanos, caribenhos, ou norte-americanos, israelenses, canadenses, indianos, chineses, japoneses, australianos, neozelandeses, e até esquimós. Atualmente, os sinais da Globo são captados em 187 paises. É mole?

Dá para se imaginar a reação deles, os gringos – do espanto ao estupor – diante da mensagem sutil que a tal Globeleza lhes transmitia, que pode ser assim interpretada: no decantado carnaval brasileiro, prevalece a baixaria, quando todas as jovens sambam alegremente nas ruas e nos salões, durante os dias de folia, a cobrir-lhes o corpo apenas umas pinceladas de tinta... Afinal, em nenhuma nação do mundo – nenhuma! – admite-se a ousadia de uma emissora de televisão, em canal aberto, exibir a qualquer hora da programação, da manhã à noite, uma mulher inteiramente despida, num rebolation sensual.

Dessa forma, desde quando a Rede Globo passou a expor a Globeleza do mestre Donner ao mundo inteiro, joga-se por terra, ano após ano, todo o esforço do governo Federal em acabar com a impressão generalizada de que o Brasil é um país permissivo em que o sexo é oferecido e praticado livremente, em vias públicas, especialmente nos três dias de folia e brincadeira. Resultado: aí estão os números da prostituição infantil ou adulta tipo exportação, da pedofilia e suas conseqüências degradantes, estúpidas, enchendo-nos de vergonha diante do cenário internacional.

Há cinco anos, Valéria Valenssa abdicou da honraria de protótipo da Globeleza, teve dois filhos com Donner, e... tornou-se evangélica, ungida por 384 pastores, em sessões de descarregos, e coisas e tais. Abdicou da honraria e foi susbtituída por outra mulata escultural, Aline Prado, com as mesmas medidas milimétricas da antecessora. Em uma ou outra, a cada ano, o mago Hans Donner prossegue economizando nas tintas, tornando cada vez mais visível a nudez desavergonhada da Globeleza, para ser exibida na telinha a qualquer hora, sem nenhum pudor – arrisco a palavrinha meio em desuso – e sem preocupação com a faixa etária dos telespectadores.

Quem sabe no ano que vem, a tal Globeleza se apresentre com um pouco menos de arte, de modo que a imaginação de seu criador seja mais focada na verdaderia essência do carnaval brasileiro, que é a alegria, através de outros recursos artísticos, com menos apelação de sensualidade – em outras palavras: menos insinuações explícitas de sacanagem.

Genialidade, todos concordam, é o que não falta ao austríaco. Basta que os três irmãos Marinho, detentores do poder do império global, se conscientizem que é necessário mais seriedade e cuidado ao divulgar no exterior um símbolo que transmita o folclore do carnaval brasileiro – e por extensão, de seus costumes, cultura e educação, sem prejuizos ao esforço de se fazer o nosso país um pouquinho mais respeitado no exterior.

Já a imagem interna, bem, esta já está mesmo prejudicada, irreversivelmente, há décadas, pelas novelas diárias e suas globobagens e globesteiras, que se repetem quatro vezes ao dia, no ano inteiro – e não apenas pelas ocorrências sazonais da tal Globeleza...


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Um comentário:

  1. Realmente é vexatório! Mas não só a Globeleza; as dezenas e dezenas de mulheres semi-nuas que aparecem nas diversas emissoras, principalmente aos domingos (dia que deveria ser reservado aos programas familiares). Não sou nenhuma beata, tão pouco, puritana, mas é desagradável ver nádegas e seios, quase que diariamente (novelas, filmes, programas...) na frente dos filhos e do marido (troco de canal toda hora). O pior é que estão diminuindo cada vez mais os biquínis das mulheres, tiras etc da Globeleza. Essa última propaganda da Globeleza é muito vulgar; não vimos nada de arte! E o horário de exibição é impróprio para menores. Lamentavelmente, neste país não parece haver fiscalização!...

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