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O Pai e o Amigo
Dr. Jajáh*
Meus amigos, quando Deus planejou e criou o homem (o ser humano) Ele ficou com uma certa dose de preocupação. Verificou que, embora tenha sido planejado para ser o mais poderoso de toda criação, o ser humano, era uma das mais frágeis das criaturas. Trata-se do animal que mais demora para atingir a sua autonomia. Mais tardiamente consegue andar sozinho, para colocar o alimento na própria boca, para conseguir, por conta própria, o seu sustento. É o que atinge a sua maturidade reprodutiva mais remotamente.

Mesmo dando ao homem uma coisa extremamente valiosa que não deu a qualquer outra criatura, o livre arbítrio, o Criador ficou inseguro quanto ao seu futuro. “Por conta própria esse bicho não vai sobreviver” teria dito Ele a um assessor direto. Então, para sustentar o homem, para prover o alimento, para corrigir quando ele sair do caminho, para cuidar da segurança, enfim, para garantir a sua subsistência, o Pai criou alguém semelhante a Si. Criou o pai.

Mas, mesmo com essa nova criação, o Todo Poderoso não ficou completamente satisfeito. Apaixonado por Sua criatura, o Pai pensou em alguém que amparasse o homem quando este estivesse solitário, que oferecesse colo quando fosse de apoio que o Seu filho necessitasse, que dispusesse de ombros quando o chão lhe faltasse, que desse ouvidos quando a angústia lhe afligisse a alma, que tivesse palavras de estímulos quando a incerteza habitasse sua mente, que oferecesse a mão segura quando o solo se mostrasse escorregadio. Que mostrasse o caminho quando ele se sentisse perdido. Que lhe fosse sombra quando o sol das dificuldades insistisse em queimar-lhe a face. Que lhe ofertasse água fresca quando sua boca estivesse ressequida pela desesperança.

Deus pensou muito antes de encontrar a solução para essa enorme dificuldade que Ele previu que o ser humano encontraria nesse “vale de lágrimas”. Nesse “campo de provações”. E, num de Seus momentos de maior felicidade, o Arquiteto do Universo criou uma figura que acompanharia o homem na medida de suas necessidades. Um instrumento indispensável para que o homem viva bem, com segurança, com alegria, com certeza de que vale a pena se esforçar, lutar e ir à busca de dias melhores. Foi com esse espírito de bondade que Deus criou o Amigo.

Na verdade quando o Grande Arquiteto criou o homem achou que estava construindo uma criatura à Sua imagem e semelhança. Descobriu, depois, que a Sua imagem e semelhança era muito mais a figura do pai do que, propriamente, a figura do homem. Surpreendeu-Se, no entanto, quando criou o amigo. Esse sim. Esse é muito parecido com Deus do que as demais criaturas.

Mas, meu querido amigo, Deus deixou uma opção ao ser humano. Ele, o que sabe tudo e vê tudo, deixou a opção de essas duas valiosas criaturas fossem a mesma pessoa: O Pai Amigo.

Esse sim. Esse – O Pai Amigo – é o ideal de Deus. O pai que sustenta e que ampara; que alimenta e que aconselha; que protege do frio e que aquece a alma; que levanta da queda e que estimula a caminhar; que corrige na falha e que mostra o caminho;

Todo ser humano, em toda sua existência, precisa – NECESSITA! – dessas duas figuras. Desde os primeiros momentos após a fecundação até o ocaso de sua existência. Até o seu último suspiro. Qual a pessoa que, mesmo por mais idosa que seja, não gostaria de ter o seu pai junto de si?

Quantos que, mesmo tendo seus pais habitando o mundo dos justos, tem-no continuadamente presente em sua vida como exemplo na lembrança e nos momentos de dificuldades.

Felizes aqueles que conseguem ter, ao mesmo tempo, no mantenedor, o estimulador. No pai, o amigo. O papel de pai foi a natureza que me deu, o de amigo o conquistei no dia-a-dia.

Abençoado aquele que consegue ser o pai e o amigo ao mesmo tempo. Este é o meu sonho como pai.

*O autor é médico em Dourados – Mato Grosso do Sul – O Estado do Pantanal - PN.

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